Não faz muito tempo que o gol do Flamengo estava nos holofotes por questionamentos. Santos foi quem trouxe a paz para debaixo das traves, deu a segurança necessária para o clube e está a dois passos de um lugar na história. Com finais grandiosas pela frente, o goleiro atingirá quarta-feira, diante do Corinthians, no Maracanã, pela decisão da Copa do Brasil, a relevante marca de 32 partidas consecutivas como dono da posição.
Discrição e eficiência são ingredientes da fórmula ideal utilizada pelo jogador, que com apenas seis meses no Flamengo está a 180 minutos dos títulos da Copa do Brasil e da Libertadores. Consolidado no Athletico, Santos chegou ao Rio para dar a tranquilidade em uma posição muito questionada com Hugo Souza e polemizada com Diego Alves. Com Paulo Sousa, já era titular. Com Dorival Júnior, virou absoluto.
Apenas nas quatro primeiras partidas com o atual treinador o Flamengo não teve Santos no gol. Nas derrotas para Internacional e Atlético-MG (duas vezes) e na vitória sobre o Cuiabá, Diego Alves foi o escolhido já que o titular se recuperava de lesão na coxa. Ao assumir o posto, diante do América-MG, Santos não saiu mais e ficou fora até do conhecido rodízio em jogos do Brasileirão.
Diego Alves não joga desde o 2 a 1 para o Galo pelas oitavas de final da Copa do Brasil, dia 22 de junho. Hugo está fora desde o último jogo de Paulo Sousa, dia 8 de junho, contra o Bragantino, fora de casa. Reflexo da condição de intocável que Santos passou a ter no Flamengo.
Nem sempre foi assim. Apesar de ter sido contratado como solução para o problema no gol, Santos viveu rodízio sob o comando de Paulo Sousa: era o goleiro das Copas, enquanto Hugo era o preferido no Brasileirão. Na reta final da fase de grupos da Libertadores, sofreu uma série lesão muscular no quadríceps da coxa esquerda e ficou mais de um mês no DM.
– Goleiro, árbitro e piloto de avião, enquanto não tocar o solo, é melhor não elogiar – disse o goleiro em entrevista ao ge há cerca de três meses.
Precaução até justificada pela linha tênue de quem vive debaixo das traves. Contra Fluminense e Fortaleza, por exemplo, Santos cometeu falhas que deixaram o torcedor em alerta. A grande atuação no 1 a 0 sobre o Atlético-MG, sábado, no Maracanã, após exibição segura na final da Copa do Brasil em Itaquera tratou de colocar as coisas novamente no lugar.
E os números comprovam que o goleiro do Flamengo tem crédito. Com Santos em campo, o Flamengo passou praticamente metade das partidas sem sofrer gol: 17 “clean sheets” em 35 exibições, o que representa 48,5% de jogos em branco. A média de gols sofridos também é admirável: apenas 23, uma média de 0,65 por jogo.
Intocável há quase quatro meses, desde o 3 a 0 sobre o América-MG em 25 de junho, Santos já superou a melhor sequência de titularidade de Diego Alves no ano mágico de 2019: 27 consecutivos. E o camisa 1, que se despede do clube no fim do ano, já rasgou elogios ao novo dono da posição:
– O Santos é titular merecidamente. Acredito que é o goleiro em melhor fase no Brasil neste momento. Foi uma contratação para o presente e para o futuro – disse, após a vitória sobre o Vélez, no Maracanã, pela semifinal da Libertadores.
Com moral com o torcedor e com os companheiros, Santos é nome certo em campo na final de quarta-feira. Pela 32ª vez seguida, o goleiro será titular diante do Corinthians, às 21h45 (de Brasília), na partida que definirá o campeão da Copa do Brasil.
Por Cahê Mota e Letícia Marques — Rio de Janeiro