"Se membros do partido forem vistos em vídeos destruindo esses prédios, vamos expulsá-los imediatamente", afirmou ele, em entrevista à Reuters nesta quarta, ao avaliar que o vandalismo foi causado por extremistas que não representam a legenda.
No final da tarde de domingo, em meio aos atos violentos, Valdemar divulgou um vídeo nas redes sociais em que condenou os ataques aos prédios públicos. Ele disse que o "movimento" daquele dia não representava o partido nem Bolsonaro, embora tenha na ocasião se manifestado a favor daqueles que estavam na frente dos quartéis como "exemplo de educação, confiança e de brasilidade".
"Lá (referindo-se aos atos nas imediações dos quartéis) havia famílias representando Bolsonaro e a direita. Todos os movimentos foram pacíficos e ordeiros. Esse movimento que assistimos hoje é uma vergonha para todos nós e não representa o nosso partido, não representa o Bolsonaro", disse ele, no vídeo.
Investigações oficiais, no entanto, apontam que muitos dos que se envolveram nos atos violentos domingo, inclusive sendo detidos, partiram do acampamento do chamado QG do Exército em Brasília.
Nos acampamentos em frente a várias unidades militares pelo país --desmontados posteriormente por ordem do ministro do Supremo Alexandre de Moraes-- se pedia uma ilegal intervenção militar contra a vitória eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
PLANOS FUTUROS
Valdemar disse à Reuters que espera que Bolsonaro volte dos EUA para liderar a direita e para ajudar na conquista de prefeituras pelo PL nas eleições municipais do próximo ano --ele será presidente de honra do partido. Esse crescimento, destacou, pode ajudar a fortalecer uma nova candidatura presidencial de Bolsonaro em 2026.
"Se o Bolsonaro estiver bem, podemos saltar de 350 prefeituras para até 1,5 mil prefeituras", afirmou Valdemar, ao acrescentar que uma visita do ex-presidente às cidades durante as eleições poderia garantir vitórias nas disputas devido a seu carisma.
"Basta aparecer e ele atrai multidões", destacou ele.
O ex-presidente disse a aliados que deverá voltar ao Brasil até o final do mês, segundo uma fonte com conhecimento do assunto.
A expectativa é que Bolsonaro adote um papel de liderança tradicional de políticos para disputar novamente a Presidência, auxiliado por sua esposa Michelle, que surpreendeu aliados como trunfo na campanha no ano passado, conforme essa fonte. Bolsonaro e Michelle terão cargos no partido e receberão salários da legenda.
OPOSIÇÃO
Na entrevista, Valdemar disse que o PL vai fazer uma "oposição programática", a favor do país. Segundo ele, quando houver a votação de propostas de interesse aos brasileiros, mesmo no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a legenda vai apoiar.
Embalado pela força política de Bolsonaro, o partido saiu das eleições como a maior força do Congresso e terá as maiores bancadas da Câmara, com 99 deputados federais, e do Senado, com 15 senadores. A legenda também contará com um substancial reforço no caixa já neste ano, segundo estimativas da fonte ouvida pela Reuters.
Experiente político que raramente concede entrevista e mais afeito aos bastidores, o presidente do PL afirmou que não vê possibilidade de o partido fazer parte do governo Lula neste mandato. O PL foi um importante aliado do petista nos seus dois mandatos, tendo, inclusive, indicado o então vice-presidente, José Alencar, e ministros.