Em meio aos imbróglios com o Supremo Tribunal Federal (STF), Fernando Collor arrumou um tempinho para “ajudar” o carnaval carioca. A coluna soube que, no final de abril, a diretoria da Beija-Flor de Nilópolis se reuniu com o senador e ex-presidente em um resort em Angra dos Reis, litoral sul-fluminense. A ideia inicial era que o próximo desfile fosse focado no município de Palmeira dos Índios, cidade-natal do político. Mas outras possibilidades do estado também foram apresentadas – e a história de Rás Gonguila despertou mais interesse carnavalesco por parte dos nilopolitanos.
Pois bem. Após a reunião, a prefeitura de Maceió (AL) aprovou um patrocínio de 8 milhões de reais para a escola de samba desenvolver o enredo “Um delírio de carnaval na Maceió de Rás Gonguila”. Trata-se de um recorde financeiro obtido pela própria escola, que conseguiu em 2023 cerca de 6 milhões de reais para cantar as “maravilhas” da raça dos cavalos manga-larga.
Chama a atenção o altíssimo investimento oferecido a uma escola do carnaval carioca, visto que a capital alagoana tem apenas cinco museus e dois bons teatros. Diz o Diário Oficial do município que a contrapartida de tanto investimento será no módico valor de R$ 1.794.800,19, “por fornecimento de bens e serviços”. Sem especificar quais seriam. A aposta é que a divulgação da cidade na festa carioca atraia turistas e investidores.
Até esta sexta-feira, (19), Collor já tinha a maioria dos votos para sua condenação no STF, onde é acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Rás Gonguila foi um maceioense que, nas primeiras décadas do século passado, promoveu o resgate histórico da cultura africana criando o lendário bloco Cavaleiro dos Montes. E a Beija-Flor, sempre favorita ao título de campeã, é comandada pelo clã do bicheiro Anísio Abraão David.