09/02/2024 às 10h59min - Atualizada em 09/02/2024 às 10h59min

A mesma construtora que faz obras para a prefeitura de Maceió, demole casas no Pinheiro

Assessoria

A empresa encarregada das obras orçadas em R$ 182 milhões para a prefeitura de Maceió é a mesma que está responsável pela demolição de casas e outros imóveis no bairro do Pinheiro, seguindo as determinações da Defesa Civil do município. Trata-se da MTSul, uma construtora sediada em Cuiabá (MT), selecionada pela Braskem com a orientação da administração do prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL).

Vereadores que fazem oposição ao prefeito de Maceió, JHC (PL), levantam suspeitas sobre os contratos firmados entre a Braskem e a MTSul. A empresa começou a operar em Alagoas após a assinatura do acordo socioambiental entre a Braskem e a prefeitura de Maceió. As suspeitas surgem porque o sogro de JHC, Mário Roberto Candia Figueiredo, o "Dr. Mário", também é de Cuiabá e era proprietário até 2023 da empresa Agrimat Engenharia, que atuava no mercado mato-grossense em conjunto com a MTSul.

A MTSul, com sede em Cuiabá, mesma cidade de origem da primeira-dama de Maceió, Marina Cândia, tem seu contrato milionário gerenciado por Eleuberto Martorelli, ex-diretor da Odebrecht – agora Novonor, empresa controladora da Braskem. Ele já foi indiciado por corrupção em agosto de 2023 e agora presta serviços à sua empregadora por meio de uma empresa terceirizada.

De acordo com a prefeitura de Maceió, os contratos firmados com a MTSul, executados a partir da ordem de serviço do prefeito JHC, totalizam R$ 182 milhões, sendo R$ 42 milhões destinados ao alargamento da Avenida Durval de Góes Monteiro e R$ 140 milhões para a ligação entre a Avenida Durval de Góes e a Avenida Menino Marcelo.

Além das obras mencionadas, a MTSul também está envolvida em outros serviços, como o fornecimento de areia para o preenchimento das minas de sal-gema em Maceió. Quanto à demolição de casas no bairro do Pinheiro, a Braskem afirmou que o serviço está sendo realizado "por determinação da Defesa Civil de Maceió por questões de segurança".

A empresa também enfatizou que a gestão dos resíduos segue as normas ambientais e que a restrição do acesso à área desocupada é determinada pela Defesa Civil, visando à segurança.

Relação próxima com a gestão de JHC

A empresa de Cuiabá iniciou suas operações em Maceió após o acordo socioambiental entre a prefeitura de Maceió e a Braskem, homologado em maio de 2022, com a destinação de R$ 360 milhões em obras de mobilidade urbana na capital. Em julho de 2023, a prefeitura de Maceió fechou um acordo extrajudicial de R$ 1,7 bilhão com a Braskem.

Antes da adesão da prefeitura de Maceió ao acordo, as empresas contratadas pela Braskem para atuar no acordo socioambiental eram a TetraTech, Diagonal e TPF Engenharia. A MTSul não tinha atuação em Alagoas e só chegou ao Estado em junho de 2022, um mês após a prefeitura assinar o acordo com a Braskem.

Nesta quinta-feira (8), a equipe de reportagem flagrou tratores da MTSul realizando a demolição de casas e reunindo os entulhos em locais cobertos por tapumes no bairro do Pinheiro.

Em nota, a Braskem afirmou que a demolição preventiva de construções com danos estruturais é determinada pela Defesa Civil de Maceió por questões de segurança. A empresa também destacou que a gestão dos resíduos é realizada conforme as normas ambientais e que a restrição do acesso à área desocupada é determinada pela Defesa Civil, visando à segurança.


A empresa disse ainda que a gestão dos resíduos é executada de acordo com normas ambientais, e a restrição dos acessos à área desocupada é determinada pela Defesa Civil, por uma questão de segurança. 
A reportagem questionou a Defesa Civil Municipal sobre os critérios para as demolições das casas e quais áreas já podem ser demolidas. Não houve resposta até o fechamento da reportagem.
Questionada sobre para quais obras e serviços a MTSul foi contratada, a Braskem informou que A MTSUL foi contratada para serviços de infraestrutura – como terraplenagem, drenagem e pavimentação – em trecho da Av. Durval de Góes Monteiro. Em relação ao fornecimento de areia utilizada no preenchimento de alguns dos 35 poços de sal-gema, conforme aprovado pela Agência Nacional de Mineração (ANM), a empresa informa que esse material é proveniente de jazidas existentes em Alagoas e que contrata somente de fornecedores licenciados pelos órgãos competentes.
A Braskem não falou sobre participação da empresa na derrubada de imóveis, mas disse que toda a empresa possui um sistema de conformidade no qual avalia a integridade dos parceiros com os quais se relaciona. "Estes processos de contratação obedecem diretrizes empresariais rigorosas e são conduzidos exclusivamente pela companhia", finalizou.


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