O presidente da comissão alegou que a escolha foi para preservar a imparcialidade das investigações que devem ser em todo o país e não apenas em
alagoas.
O autor do requerimento que deu origem à CPI da Braskem, senador Renan Calheiros (MDB-AL), anunciou sua saída do colegiado por não ter sido indicado relator. O indicado para o cargo de relator foi o senador Rogério Carvalho (PT-SE).
Após reunião com integrantes da CPI da Braskem, o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, senador Omar Aziz, do PSD do Amazonas, indicou o senador Rogério Carvalho, do PT de Sergipe, para a relatoria. Apesar de destacar que não se tratava de uma crítica pessoal contra o petista, o senador Renan Calheiros, do MDB de Alagoas, reagiu contrariamente à nomeação. Ele alegou que foi o autor do pedido de CPI, coletou as assinaturas e atuou para que a comissão fosse de fato instalada, por isso, considerava justo ser o relator. Sem citar nomes, Renan Calheiros afirmou que a indicação dele para a relatoria foi barrada para não haver uma investigação real.
Nós criamos a Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar, para apurar responsabilidade jurídica e socioambiental da Braskem. A minha designação como relator, expressão da correlação política que havia e que elegeu inclusive o presidente Omar Aziz, indicava no sentido do aprofundamento dessa investigação. Lamentavelmente impediram a minha designação como relator, o que significa dizer que estão tentando que a CPI trilhe caminhos diferentes.
O presidente da CPI da Braskem rebateu as declarações de Renan Calheiros. Omar Aziz declarou que a indicação de Rogério Carvalho foi uma escolha do colegiado para garantir isenção, já que Renan Calheiros é de Alagoas. Ele negou qualquer pressão e avisou que a CPI vai investigar não apenas o caso da exploração de sal gema em Alagoas, mas em outros estados. Rogério Carvalho também assegurou que a comissão vai apurar os fatos ocorridos em Maceió e em outros estados com essa atividade econômica para evitar novos desastres ambientais.
Aquele fato, apesar de ser na cidade de Maceió, é um fato de repercussão universal. Nós estamos falando de um crime ambiental, nós estamos falando de uma destruição da paisagem urbana da cidade, nós estamos falando da destruição da história de vida de milhares de pessoas, nós estamos falando de uma situação muito grave. E a gente precisa evitar que isso volte a ocorrer em outras cidades, em outras localidades no Brasil.
A CPI da Braskem foi criada em dezembro do ano passado para investigar os danos ambientais causados em Maceió pela empresa petroquímica com a exploração do sal-gema desde 1970 em Maceió. Desde 2018, diversos bairros próximos aos locais de mineração apresentaram danos estruturais em ruas e edifícios. Mais de 14 mil imóveis foram afetados e condenados e ao menos 60 mil pessoas tiveram que deixar a região atingida. Da Rádio Senado, Hérica Christian.