O Conselho de Segurança voltou a debater a crise na Ucrânia em menos de 24 horas. Nesta segunda-feira, os países membros analisaram a situação humanitária após mais de 520 mil pessoas terem fugido da violência causada pela ofensiva da Rússia ao país.
A ONU disse estar planejando assistência para número de refugiados que pode subir para 4 milhões nas próximas semanas.
O primeiro a falar foi o coordenador para assistência humanitária da ONU, Martin Griffiths. Ele descreveu parte da destruição da infraestrutura causada pelos ataques, que começaram no último dia 23.
O subsecretário geral contou que as pontes estão sendo destruídas cortando o acesso para ajuda crítica aos civis. Os bombardeios em áreas urbanas estão causando um alto risco de impacto e sofrimento para os moradores.
Os ataques à Ucrânia começaram na madrugada de 24 de fevereiro, horário local. Mesmo antes da escalada da violência por forças russas, o país já contava com mais de 3 milhões de pessoas carentes de assistência humanitária por causa do conflito nas regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia.
Griffiths disse que, nos últimos três dias, o movimento dos trabalhadores da ONU e outras agências humanitárias foi restringido e que ele não estava recebendo garantias claras de nenhuma das partes sobre segurança para os funcionários.
O subsecretário geral afirmou que precisa de progresso em duas frentes: segurança de que o pessoal humanitário vai ser protegido, a partir de agora, mesmo em meio a combates. Ambos os lados devem garantir esta proteção segundo a lei humanitária internacional. O subsecretário geral disse que a ONU precisa de mais recursos.
Na terça-feira, o chefe da ONU, António Guterres, vai lançar um apelo de emergência de três meses, e um segundo apelo para os refugiados.
Ele disse que nenhum país deve passar pelo que a Ucrânia está passando e que o conflito tem que terminar.
O comissário para Refugiados, Filippo Grandi, também discursou na reunião do Conselho dizendo que se não houver um cessar-fogo imediato, os ucranianos vão continuar fugindo.
Grandi reforçou o próprio apelo que fez ao órgão, há alguns meses, lembrando que os trabalhadores humanitários não podem manter a paz no mundo. Segundo ele, com milhões de ucranianos inocentes em bunkers, e a Europa sob a ameaça de uma guerra, é necessário cessar a violência.
Segundo ele, a onda de refugiados será uma pressão sobre os países anfitriões que precisarão de apoio para lidar com a situação. Pelo menos US$ 40 milhões foram doados ao Acnur por indivíduos.
Após a apresentação de Griffiths e Grandi, os embaixadores do Conselho de Segurança assumiram a palavra incluindo o representante do Brasil e vice-chefe da Missão do país na ONU, o embaixador João Genésio de Almeida Filho.
O embaixador lembrou que não importa mais como a guerra começou, e que a urgência agora era proteger os civis da crise humanitária. Para ele, o mínimo que se poderia fazer era contribuir para cessar o conflito imediatamente.
De Almeida Filho destacou que quanto maior a escalada, mais alto será o nível de sofrimento humano. Ele disse que as sanções impostas à Rússia afetariam as pessoas e que o fornecimento de armas à Ucrânia só agravaria o conflito.
O embaixador do Brasil ressaltou ainda que qualquer uso de armas nucleares teria consequências humanitárias inaceitáveis para esta e futuras gerações.