01/03/2022 às 07h21min - Atualizada em 01/03/2022 às 07h21min

Número de refugiados da Ucrânia pode subir para 4 milhões nas próximas semanas

Brasil diz que é hora de proteger os civis e cessar o conflito

Agência ONU News

O Conselho de Segurança voltou a debater a crise na Ucrânia em menos de 24 horas. Nesta segunda-feira, os países membros analisaram a situação humanitária após mais de 520 mil pessoas terem fugido da violência causada pela ofensiva da Rússia ao país.

A ONU disse estar planejando assistência para número de refugiados que pode subir para 4 milhões nas próximas semanas. 

Pontes destruídas

O primeiro a falar foi o coordenador para assistência humanitária da ONU, Martin Griffiths. Ele descreveu parte da destruição da infraestrutura causada pelos ataques, que começaram no último dia 23. 

O subsecretário geral contou que as pontes estão sendo destruídas cortando o acesso para ajuda crítica aos civis. Os bombardeios em áreas urbanas estão causando um alto risco de impacto e sofrimento para os moradores. 

Griffiths contou que o número de deslocados internos é de 106 mil e que pode subir.
Já o alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, informou que a agência está se preparando para atender 4 milhões de refugiados da Ucrânia pelas próximas semanas.

Regiões separatistas

Os ataques à Ucrânia começaram na madrugada de 24 de fevereiro, horário local. Mesmo antes da escalada da violência por forças russas, o país já contava com mais de 3 milhões de pessoas carentes de assistência humanitária por causa do conflito nas regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia.

Griffiths disse que, nos últimos três dias, o movimento dos trabalhadores da ONU e outras agências humanitárias foi restringido e que ele não estava recebendo garantias claras de nenhuma das partes sobre segurança para os funcionários.

Três meses

O subsecretário geral afirmou que precisa de progresso em duas frentes: segurança de que o pessoal humanitário vai ser protegido, a partir de agora, mesmo em meio a combates. Ambos os lados devem garantir esta proteção segundo a lei humanitária internacional. O subsecretário geral disse que a ONU precisa de mais recursos.

Na terça-feira, o chefe da ONU, António Guterres, vai lançar um apelo de emergência de três meses, e um segundo apelo para os refugiados.

Ele disse que nenhum país deve passar pelo que a Ucrânia está passando e que o conflito tem que terminar.

US$ 40 milhões

O comissário para Refugiados, Filippo Grandi, também discursou na reunião do Conselho dizendo que se não houver um cessar-fogo imediato, os ucranianos vão continuar fugindo. 

Grandi reforçou o próprio apelo que fez ao órgão, há alguns meses, lembrando que os trabalhadores humanitários não podem manter a paz no mundo. Segundo ele, com milhões de ucranianos inocentes em bunkers, e a Europa sob a ameaça de uma guerra, é necessário cessar a violência.

Segundo ele, a onda de refugiados será uma pressão sobre os países anfitriões que precisarão de apoio para lidar com a situação. Pelo menos US$ 40 milhões foram doados ao Acnur por indivíduos. 

Brasil

Após a apresentação de Griffiths e Grandi, os embaixadores do Conselho de Segurança assumiram a palavra incluindo o representante do Brasil e vice-chefe da Missão do país na ONU, o embaixador João Genésio de Almeida Filho. 

O embaixador lembrou que não importa mais como a guerra começou, e que a urgência agora era proteger os civis da crise humanitária. Para ele, o mínimo que se poderia fazer era contribuir para cessar o conflito imediatamente. 

De Almeida Filho destacou que quanto maior a escalada, mais alto será o nível de sofrimento humano. Ele disse que as sanções impostas à Rússia afetariam as pessoas e que o fornecimento de armas à Ucrânia só agravaria o conflito.

O embaixador do Brasil ressaltou ainda que qualquer uso de armas nucleares teria consequências humanitárias inaceitáveis para esta e futuras gerações.


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