“A minha vida hoje, ela é feita de dores psicológicas, físicas, de limitações. Eu quis conversar com o senhor de uma maneira que mostrasse a todos a indignação que eu sinto. Esse monstro que cometeu todas essas atrocidades comigo em uma noite”.
Rita de Cássia Corrêa, de 40 anos, aceitou contar ao Fantástico os detalhes de um crime hediondo. Ela é a vítima. O acusado: o cantor e compositor Leandro Lehart, líder do grupo Art Popular. Um sucesso nacional nos anos 90.
Rita conversou com exclusividade com o repórter Valmir Salaro. Ela conta que começou a se aproximar do músico em 2017.
“Eu troquei uma mensagem elogiando o trabalho dele. Por inbox numa rede social, ele acabou me respondendo. Ele vendo ali que eu tocava piano e trabalhei com música, me convidou para que eu fosse até a residência dele para que eu pudesse conhecer o estúdio e tocar piano”, relembra Rita.
A casa fica em uma região nobre da zona norte de São Paulo. Depois disso, segundo Rita, outros encontros aconteceram. Em cinco deles, houve relações sexuais. “Sempre muito educado, muito gentil, muito cortês”, diz Rita.
Mas, em 2019, ela conta que passou por uma situação violenta e degradante, um trauma do qual até hoje não conseguiu se recuperar.
“Ele me convidou para subir para o quarto dele que ficava no andar de cima da casa. Eu consenti e subi. Ele parou e perguntou: ‘Vamos ao banheiro para terminarmos lá? Porque de lá já poderíamos tomar um banho’. Eu não vi maldade nisso. Em sair ali do quarto e terminar ali no banheiro a relação sexual”, diz Rita.
No banheiro, ela afirma que Leandro foi agressivo, a imobilizou, e então, cometeu um ato grotesco e escatológico de violência.
“Na minha boca. Eu já comecei a me debater, e pedindo para ele parar. E tentando tirá-lo de cima de mim, mas eu não conseguia. Ele ainda se masturbou até chegar ao orgasmo”.
Ela conta que Leandro ainda a deixou um bom tempo trancada no banheiro. Segundo Rita, depois das humilhações e abusos, Leandro chamou um motorista de aplicativo e a deixou ir embora.
“Já fui direto para o banheiro. Já ali no chão mesmo, me despenquei a chorar e fiquei muito tempo ali tentando me higienizar, tentando tirar todo aquele cheiro horrível, aquele gosto, escovando meus dentes. Ali embaixo do chuveiro”, relembra Rita.
Desse dia em diante, a vida de Rita desandou. Ela convive com sérios problemas emocionais, perdeu o emprego de controladora de acesso no metrô de São Paulo, e até tentou tirar a própria vida.
Em depoimento à Justiça, o músico negou as acusações. Disse que as mensagens em que ele confessa o abuso não expressam a verdade. Segundo ele, foram apenas uma ajuda humanitária para deixar Rita mais à vontade, acolhê-la e fazer com que esquecesse a vontade de se matar.
O juiz do caso condenou Leandro Lehart por estupro e cárcere privado, por ter mantido a vítima, a Rita, presa no banheiro. Total da pena: 9 anos, 7 meses e seis dias de prisão. O músico pode recorrer em liberdade.