A esporotricose é uma doença causada por um fungo do gênero sporothrix, que vive no solo, palhas, vegetais e também madeiras. O fungo pode ser transmitido do local em que está ativo para o corpo por meio de uma lesão subcutânea. Farpas, espinhos e garras ou dentes de animais contaminados podem transmitir a doença.
A enfermidade é muito associada aos gatos, por conta da sua forma de contaminação e do maior risco que a doença apresenta para os felinos. Neles, a doença pode ser fatal, enquanto para humanos, a doença não é grave.
O quadro provoca nódulos inflamatórios e ulcerações graves na pele dos humanos e pode matar os animais rapidamente.
“O fungo precisa ser inoculado no tecido subcutâneo para ocasionar a doença e muitas vezes os gatos que tem vida livre ou acesso a esse fungo podem contaminar outros indivíduos através de suas unhas contaminadas com o fungo. Mas o gato é vítima assim como as demais espécies. Visto que eles também podem se contaminar”, explicou a veterinária especialista em felinos Samara Viana.
No Brasil, a esporotricose tem apresentado progressão em alguns estados. No Rio de Janeiro, por exemplo, houve aumento de 162% em dez anos.
O País tem um clima muito propício para o desenvolvimento do fungo, o que auxiliou a esporotricose no caminho para um grande problema de saúde pública.
Segundo a veterinária, a doença era conhecida inicialmente como “doença dos jardineiros” ou “doença das roseiras”, porque, antes, a população tinha acesso ao fungo por esses meios.
A associação do fungo aos gatos se deu após o aumento da população de felinos abandonados e errantes. “Esses animais acabaram tendo acesso ao fungo e se contaminando também”, informou.
De acordo com a especialista, é errado acreditar que apenas os gatos transmitem a doença.
“Costuma ser comum associar o gato a doença por conta das garras que, se contaminadas com o fungo, atingindo o tecido subcutâneo do outro indivíduo, podem transmitir a doença. Mas não pelo gato transmitir, e sim pelas garras estarem contaminadas”, reforçou.
Todo paciente com feridas de esporotricose abertas deve ser manipulado com cuidado, usando luvas e protegendo os braços, pois a doença pode ser transmitida com maior facilidade. Por possuir mais ação perfurocortante, as garras dos gatos são mais capazes de transmitir que as garras dos cães.
As mucosas de animais contaminados (sendo eles cães ou gatos) também transmitem a doença, o que possibilita a transmissão por meio de mordidas.
Samara ainda acrescenta que o aumento do número de casos de esporotricose é perceptível em atendimentos veterinários.
“Infelizmente, é perceptível o aumento, mas ele se mantém principalmente pelo grande número de animais errantes nas grandes cidades que tenham clima propício para a manutenção do fungo. Então esse aumento se dá muito aqui na região (Pernambuco) e principalmente no Rio de Janeiro, que ainda segue como a capital de maior incidência da doença no Brasil”.
Tratamento
O tratamento da esporotricose se faz com antifúngico, com recomendação de tempo mínimo de 6 meses para encerrar o processo de cura.
Normalmente, o paciente precisa ser acompanhado de acordo com a evolução do quadro, remissão das feridas e também manutenção de algumas taxas sanguíneas.
Segundo a Fiocruz, a doença tem tratamento, e as chances de cura são de mais de 90%.
“Infelizmente, existem alguns casos mais graves que não respondem ao tratamento convencional e é preciso fazer uso de medicações mais fortes. Isso tanto em animais quanto em pessoas. Existem também casos de insucessos terapêuticos onde perdemos pacientes para a doença, mas estes são mais difíceis de acontecer”, informou Samara.
Abandono
No Brasil o abandono de animais ainda é uma prática existente. Pets que apresentam doenças que exigem tratamento longo, como o caso da esporotricose, podem estar sujeitos ao abandono.
O abandono de animais doentes é, além de maus-tratos, um fator que aumenta a transmissão da doença. Por isso, não abandone, maltrate ou sacrifique o animal com suspeita da doença. Procure o tratamento adequado e se informe sobre os cuidados que deve ter para cuidar de seu animal sem colocar em risco a própria saúde ou a saúde pública. Folha PE