A Escola Municipal Paulo Henrique Costa Bandeira, localizada no Benedito Bentes, é mais uma a sofrer com o descaso da Secretaria Municipal de Educação (Semed), em Maceió. A escola atende mais de 800 alunos, divididos em três turnos ( matutino, vespertino e noturno) que lidam diariamente com problemas estruturais no prédio da unidade.
As aulas estão sendo finalizadas todos os dias pelo menos duas horas antes do horário letivo oficial, devido à falta de água nos banheiros para higiene das mãos e para a descarga, além disso não há água para crianças, adolescentes e profissionais beberem.
O Jornal de Alagoas flagrou ainda um problema relacionado ao esgoto. Dentro da cozinha em que se preparam as merendas para os estudantes, dejetos retornam à superfície por um ralo localizado bem no centro do ambiente. Segundo a diretora da escola, Cristiane da Silva (50), as merendeiras precisam limpar a cozinha várias vezes ao dia para minimizar o risco de infecção alimentar.
“Se não fosse o trabalho delas, que limpam tudo e organizam tudo, nem sei como seria. Além disso, fomos informados que a cozinha não estava nos padrões ideais para o preparo de alimentos para essa quantidade de estudantes.”
Em reportagem do início do mês, o Jornal de Alagoas mostrou a denúncia de um vereador aliado do prefeito de Maceió que apontava que o teto do ginásio da Escola Municipal Paulo Bandeira estava se soltando e gerando riscos à comunidade.
À época, a Semed assegurou que iria iniciar as obras. Mais de 20 dias depois, nesta quarta-feira (22), a reportagem constatou que as chapas de aço foram removidas, porém, mas não repostas. O ginásio se encontra sem nenhuma estrutura de telhado e está constantemente exposto ao sol e às chuvas.
Há mais de um mês, a diretora vem batalhando para que a gestão municipal atenda de maneira eficiente os pedidos feitos pela direção da escola.
Ela reforçou seu posicionamento, quanto à falta de apoio da Semed à escola, que realiza solicitações ao órgão municipal e não recebe o apoio devido
“Encaminhamos ofícios e mais ofícios”, argumenta Cristiane.
Questionada sobre qual a sua visão, como cidadã, acerca dos recentes acontecimentos entre instituição e secretaria do município, Cristiane comentou com a voz triste:
“Como cidadã, eu enxergo com uma palavrinha chamada descaso, infelizmente, é uma gestão que se preocupa muito mais com com o supérfluo que é, pra mim, é Instagram, fotos…”
Ela continuou, falando sobre o que constrói uma educação ideal para as crianças: “o que realmente a população precisa é de escola de qualidade.”
Cristiane defende o trabalho pedagógico realizado na instituição e os esforços dos seus colegas de trabalho para manter o ambiente educacional funcionando, mesmo com todos os entraves:
“Agora, ensino de qualidade a gente faz a parte da gente, professores, administrativo, direção, coordenação, mas a parte que cabe à SEMED em estrutura, em dar apoio, em dar transporte de vergonha pra essas crianças, eu não vejo.”
A diretora afirmou estar muito decepcionada com a gestão da pasta maceioense. “Eu fico indignada, eu tenho dia que eu amanheço, digo assim, cara, eu não acredito que eu não posso fazer nada.”
Segundo a gestora, ainda em outubro, foram encaminhados profissionais para realizar trabalho para proteção das paredes internas da cisterna da escola, onde havia um revestimento de azulejo, que foi removido. A solução, diz Cristiane, não foi suficiente e obrigou a secretaria a encaminhar uma caixa d’água ao colégio.
A nova medida da Semed se provou ineficiente, já que a bomba para o abastecimento não consegue encher a caixa. “O problema já ocorre há muito tempo e sempre obtivemos da Semed soluções paliativas”.
De acordo com Dayse de Fatima (47), vice -diretora , a caixa d’água foi entregue com danos na tampa e “muito suja, as meninas da limpeza que limparam, tava imunda.”
Terezinha de Oliveira (48) é mãe de um dos alunos da Escola Municipal e conversou com a reportagem sobre o estado da estrutura e comentou que a prefeitura devia ajudar mais, “porque as crianças ficam prejudicadas, com a questão de largar mais cedo, porque elas não aprendem”
A mãe criticou a estrutura do prédio, que possuía uma cobertura metálica, que cobria a quadra poliesportiva da escola.
“Com essa estrutura também, eles não podem brincar, fica muito sol, então eles ficam realmente prejudicados”
O Jornal de Alagoas procurou a Semed para responder às questões citadas na reportagem, mas não obteve retorno. O espaço está aberto