Na última semana, as notícias foram ruins para o presidente Jair Bolsonaro. Pesquisa nacional do Ipec mostrou que, se a eleição fosse hoje, Lula teria 49% das intenções de voto e o atual presidente, 23%. Além disso, 62% dos entrevistados afirmaram que não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro, enquanto 36% disseram o mesmo sobre Lula.
A pesquisa perguntou o voto dos entrevistados no segundo turno de 2018. Quando observamos dados relativos a Bolsonaro, vemos que 34% dos seus eleitores afirmaram que não votariam nele de novo de jeito nenhum.
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Quem seriam esses eleitores arrependidos? É possível identificar grupos que se arrependeram em maior proporção? A junção das perguntas sobre o voto em 2018 e sobre a possibilidade de votar em Bolsonaro ajuda a responder.
A análise refere-se, então, exclusivamente aos eleitores que declararam o voto no atual presidente em 2018. Eles foram divididos em dois grupos: os que não votariam de jeito nenhum (arrependidos) e os que votariam com certeza ou que poderiam votar em Bolsonaro.
O resultado estatístico mostra que não há muita diferença nas faixas de idade, região do país, condição do município (se capital, periferia ou interior) e na cor dos entrevistados.
Já a religião, a escolaridade, a renda e o sexo têm variações significativas. Entre os católicos que votaram em Bolsonaro, 39% disseram que não votariam de novo, enquanto, entre os evangélicos, a porcentagem foi de 31%. Isso reflete a maior penetração de pautas conservadoras defendidas pelo presidente entre esses eleitores.
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Com relação à escolaridade, à renda e ao sexo dos entrevistados, as diferentes proporções dos arrependidos refletem impactos das crises econômica e sanitária sobre os grupos sociais. Entre os que votaram no presidente e que chegaram a cursar o ensino fundamental, cerca de 40% disseram que não repetiriam a escolha.
Entre os mais pobres, o mesmo. Dos eleitores do atual presidente com renda familiar de até um salário mínimo (25% do total), 48% disseram que não votariam de novo. Entre as mulheres, a porcentagem foi de 40% — contra 32% entre os homens.
As gestões da economia e da pandemia pelo governo federal cobram seu preço. Os que mais sofreram desde o ano passado, perdendo emprego, renda e pessoas próximas estão dispostos em maior proporção a abandonar o barco bolsonarista em 2022.